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mardi 10 décembre 2013

OS LUSIADAS CANTO I (Estrofes 1 a 5)


As armas e os Barões assinalados
Que da Ocidental praia Lusitana
Por mares nunca de antes navegados
Passaram ainda além da Taprobana,
Em perigos e guerras esforçados
Mais do que prometia a força humana,
E entre gente remota edificaram
Novo Reino que tanto sublimaram;

E também as memorias gloriosas
Daqueles Reis que foram dilatando
A Fé o Império, e as terras viciosas
De África e de Ásia andaram devastando,
E aqueles que por obras valorosos
SE vão da lei da morte libertando,
Cantado espalharei por toda a parte,
Se a tanto me ajudar o engenho e a arte.

Cessem do sábio Grego e do Troiano
As navegações grandes que fizeram;
Cale-se de Alexandro e de Trajano
A fama das vitorias que tiveram;
Que eu canto o peito ilustre Lusitano,
A quem Neptuno e Marte obedeceram.
Cesse tudo o que a Musa antiga canta,
Que outro valor mais alto se levanta.

E vos, Tágides minhas, pois criado
Tendes em mi um novo engenho ardente,
Se sempre em verso humilde celebrado
Foi de mi vosso rio alegremente,
Dai-me agora um som alto e sublimado,
Um estilo grandíloco e corrente,
Por que de vossas aguas Febo ordene
Que não tenham inveja às de Hipocrene.  

Dai-me uma fúria grande e sonorosa,
E de tão agreste avena ou flauta ruda,
Mas de tuba canora e belicosa,
Que o peito acende e açor ao gesto muda;
Dai-me igual canto aos feitos da famosa
Gente vossa, que a Marte  tanto ajuda;
Que se espalhe e secante no universo
Se tão de sublime preço cabe em verso.

Luís de Camões.
(Continua)



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