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samedi 14 décembre 2013

Ser Poeta.


 Ser poeta, é ter o dom de transformar em paisagem aprazível qualquer lugarejo que para o comum dos mortais, é inóspito.
O sonhador sobe para cima de um penedo onde nem os gafanhotos querem viver e pode entender que aquilo é magnifico. Se junto do penhasco houver um pinheiro mesmo que invadido por lagartas processionarias , o poeta vai esquecer o efeito  urticante causado pela bicharada e a paisagem torna-se sublime, estupenda. Talvez o poeta tenha imaginado a flor do pinheiro centenário que fecundada na Primavera, deu origem a nova pinha que depois de mudar de forma, cor e tamanho, viu com o Verão, chegada a hora de libertar a sua progenitura.
Farto de ser oprimido nas entranhas  da mae pinha, estava o pinhão, quando viu chegada a hora da liberdade; Bateu as palmas, saltou de alegria, mas na hora da verdade, (qual pára-quedista antes do primeiro salto,) hesitou, agarrou-se às paredes, mas estava escrito, o vento sacudiu o ramo que lhe servia de cordão umbilical, e este foi projectado para o vácuo.
Quis a Previdência que o vento o ajudasse a subir nas alturas e rodopiando tentou escolher o lugar ideal para “aterrar”.
Não podia escolher um jardim ou seara, porque segundo os humanos seria indesejável; foi poisar-se entre dois rochedos onde nem os animais o pudessem tragar. Ai nasceu um esplêndido pinheiro que depressa cresceu ate que um casal de namorados em busca de aventura, entendeu que o lugar era demasiado inóspito para tão linda dadiva da natureza, o mandou cortar, fez com a madeira um barquinho e pôs-se a navegar. Aproveitou para esse fim um pequeno rio que passava perto, afluente de um outro que os levaria ate ao Oceano.
Começavam os apaixonados a sonhar com uma ilha deserta onde pudessem olhar-se no branco dos olhos  sem incomodar ninguém, quando foram surpreendidos por uma tempestade e o barquinho fracassou contra a margem.
Em homenagem à arvore que tanto prazer lhes proporcionara, decidiram os apaixonados plantar muitos pinheiros a fim de que todos os namorados do mundo pudessem construir um barquinho e pôr-se a navegar, mas como não os encontraram, plantaram então outras arvores, muitas arvores.
Deve isso ter acontecido ao Sul de Coimbra, e foram talvez os namorados em questão que plantaram o Choupal.

António S. Leitão.

Quando a tristeza chegar
Faz um barquinho
E põe-te a navegar
E cria a esperança breve
De que és uma pena leve
Muito leve a flutuar.

(Poeta desconhecido)

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