Num Abril não muito
distante, brindou-nos o Pr. da Republica com um discurso informando os
Portugueses que somos um Estado pobre. O Dr. Cavaco auscultou o pais e o
diagnostico é sem ambiguidades: somos uns coitados.
Pensava eu que com
pib per capita igual a metade do
que ostentam os nossos vizinhos, (eu olho para o Norte não para o Leste, ) o
mal era crónico, mas oxalá não seja bem assim. Mas... e é muito grave, Doutor?
Certo governo tinha diagnosticado o estado de tanga,
mas agora ficamos completamente nus.
Consta que se os pobres empobrecem, há ricos que enriquecem. Ora se os
ricos progridem, Aida bem, sempre há
quem pague meio-quartilho, se a miséria dos pobres aumenta, estamos mal; e não há
por ai um ministério mais rico onde se possam “roubar “ uns cobres? É certo que
não se combate a fome e a delinquência com aviões de caça ou submarinos, mas
também não se pode dar uma “Play Station” a cada um dos nossos Generais. E em
que ficamos?
Propunha o Sr. Pr.
um pacto entre os partidos. Convide pois todos eles; convide os empresários e
os empregados; os filósofos e os agricultores; os inteligentes e os idiotas;
convide-os a todos, mas que cada um pague o seu almoço. Diga-lhe que mais tarde
ou mais cedo ( mais tarde que cedo, evidentemente, talvez se deva imaginar um
modelo de sociedade mais justo onde os ricos enriqueçam e os pobres
desempobreçam.
Segundo certas
“más-línguas ” sempre as mesmas, Sr. Pr.
há por ai certa Senhora politica que depois de ter trabalhado dez anos
se reformou aos quarenta e dois, mas isso é mentira, um homem como você não admitiria tanta injustiça, ou será
que lá pelas Índias copiamos a sociedade de castas, e pela América Latina, a
Republica daqueles frutos em forma de virgula?
Vista a situação
sob certo prisma, os pobres são todos uns tesos: não têm lá um bom tinto e um
bom presunto para V. Exas. Eu cá, falo por mim; um copo de morangueiro e umas
sardinhas pescadas quem sabe na semana passada, ( eu moro muito longe do mar,
sabe Sr. Pr. ?) Talvez se pudessem
arranjar, o resto não, custa para cima de um dinheirão, e se os cá tivesse eram
para mim. Certo menino do campo, passava um dia junto a um formigueiro e
admirado, porque as formigas passavam a vida a trabalhar, elas responderam: MEU
MENINO SO MANDUCA NESTA VIDA QUEM TRABUCA.
Há dias o Senhor
andava muito triste, e tem chorado muito? Eu também ando muito triste, se não
choro, não é por falta de vontade.
Cante agora comigo
Sr. Pr.
Esta noite, eu
chorei tanto
Sozinho, sem ter um
bem
Por mais uma pensão
toda a gente chora
Por mais uma coisa
que nem toda a gente tem
Eu por cá vivia
tranquilo, mas preferia não dar nada a ninguém.
E o Sr. P. Ministro
também anda muito triste não obstante o seu carro novo? E os Deputados e
Ministros também andam tristes?
Cantemos todos um
bocadinho.
Encosta tua
cabecinha
No meu ombro e
chora
E conta tuas magoas
todas
Para mim.
Que quem chora no
meu ombro
Eu juro que não vai
embora
Que não vai embora
Que não vai embora.
António S. Leitão.