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jeudi 19 décembre 2013

OS LUSIADAS. Canto I (12 a 18)






Pois se a troco de (Carlos, Rei de França,
Ou de César, quereis igual memoria,
Vede o primeiro Afonso cuja lança
Escura faz qualquer estranha gloria;
E aquele que a seu Reino a segurança
Deixou, com a grane e prospera vitoria;
Outro Joane, e invicto cavaleiro;
O quarto e o quinto Afonsos e o terceiro.

Nem deixarão meus versos esquecidos
Aqueles que nos Reinos lá da Aurora
Se fizeram por armas tão subidos,
Vossa bandeira sempre vencedora:
Um Pacheco fortíssimo e os temidos
Almeidas, por quem sempre o Tejo chora,
Albuquerque terrível, Castro forte,
E outros em quem poder não teve a morte.

E, enquanto eu estes canto - e a vos não posso,
Sublime Rei, que não me atrevo a tanto -,
Tomai as rédeas vos do Reino vosso:
Dareis matéria a nunca ouvido canto.
Comecem a sentir o peso grosso
(Que pelo mundo todo faça espanto)
De exércitos e feitos singulares,
De África as terras e do Oriente os mares.

Em vos os olhos tem o Mouro frio,
Em quem vê seu exicio afigurado.
Só com os ver o bárbaro Gentio
Mostra o pescoço ao jugo já inclinado;
Tétis todo o cerúleo senhorio
Tem pêra vos por dote aparelhado,
Que afeiçoada ao gesto belo e tento,
Deseja de comprar-vos pêra genro.

Em vos se vêm da Olímpica morada,
Dos dous avos as almas cá famosas;
Uma, na paz angélica dourada,
Outra, pelas batalhas sanguinosas,
Em vos esperam ver-se renovada
Sua memoria e obras valorosos;
E lá vos têm lugar, no fim da idade,
No tempo da suprema eternidade.

Mas, enquanto este tempo passa lento
Da regerdes os povos que o desejam,
Dai vos favor ao novo atrevimento,
Pera que estes meus versos vossos sejam,
E vereis ir cortando o salso argento 
Os vossos Argonautas, por que vejam
Que sao vistos de vos no mar irado,
E costumai-vos ja a ser invocado.

Luis de Camões.






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