Vindo o lavrador da arada,
Encontrou um pobrezinho;
E o pobrezinho lhe disse:
-Leva-me no teu carrinho.
Deu-lhe a mão o lavrador,
E no seu carro o metia;
Levou-o para sua casa,
Para melhor sala que tinha.
Mandou-lhe fazer a ceia,
Do melhor manjar que havia;
Sentou-o à sua mesa,
Mas o pobre não comia.
Que pela mesa corriam;
Os suspiros eram tantos,
Que até a mesa tremia.
Mandou-lhe fazer acama,
Da melhor roupa que tinha:
Por cima damasco roxo,
Por baixo cambraia fina.
Lá pela noite adiante,
O pobrezinho gemia:
Levantou-se o lavrador,
A ver o que o pobre tinha.
Deu-lhe o coração um baque;
Como ele não ficaria!
Achou-o crucificado,
Numa cruz de prata fina.
Meu Senhor, se eu tal soubera,
Que em minha casa vos tinha,
Mandara fazer preparos
Do melhor que encontraria.
Cala, cala o lavrador,
Não fales com fantasia,
No céu te tenho guardados
Cadeira de prata fina,
Tua mulher a teu lado,
Que também o merecia.
(viagens pelos livros escolares. Com a devida
vénia).
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