Batem
leve, levemente,
Como
quem chama por mim,
Sera
chuva ? sera gente ?
Gente
nao é certamente,
E a
chuva nao bate assim.
E
talvez a ventania
Mas
ha pouco, poucochinho,
Nem
uma agulha bulia
Na
quieta melancolia
Dos
pinheiros do caminho
Quem
bate, assim, levemente,
com
tão estranha leveza,
que mal
se ouve, mal se sente?
Nao
é chuva, nem é gente,
nem
é vento com certeza.
Fui
ver. A névé caia
do
azul cinzento do céu,
branca
e leve, branca e fria…
.
Ha quanto
tempo a não via!
E
que saudades, Deus meu!
Pôs
tudo da cor do linho.
Passa
gente e, quando passa,
os
passos imprime e traça
na
brancura do caminho…
Fico
olhando esses sinais
da
pobre gente que avança,
e
noto, por entre os mais,
os
traços miniaturais
duns
pezitos de criança…
E
descalcinhos, doridos…
a
neve deixa inda vê-los,
primeiro,
bem definidos,
depois,
em sulcos compridos,
porque
não podia erguê-los!…
Que
quem já é pecador
sofra
tormentos, enfim!
Mas
as crianças, Senhor,
porque
lhes dais tanta dor?!…
Porque
padecem assim?!…
E
uma infinita tristeza,
uma
funda turbação
entra
em mim, fiça em mim presa,
Cai
neve na natureza,
E
cai o meu coraçao.
Augusto
Gil.
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