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mercredi 10 juillet 2013

BALADA DE NEVE.


Batem leve, levemente,
Como quem chama por mim,
Sera chuva ? sera gente ?

Gente nao é certamente,
E a chuva nao bate assim.


E talvez  a ventania
Mas ha pouco, poucochinho,
Nem uma agulha bulia
Na quieta melancolia
Dos pinheiros do caminho

Quem bate, assim, levemente,
com tão estranha leveza,
que mal se ouve, mal se sente?
Nao é chuva, nem é gente,

nem é vento com certeza.

Fui ver. A névé caia
do azul cinzento do céu,

branca e leve, branca e fria…
.
Ha quanto tempo a não via!

E que saudades, Deus meu!

Olho-a através da vidraça.
Pôs tudo da cor do linho.

Passa gente e, quando passa,

os passos imprime e traça

na brancura do caminho…

Fico olhando esses sinais
da pobre gente que avança,
e noto, por entre os mais,
os traços miniaturais

duns pezitos de criança…

E descalcinhos, doridos…
a neve deixa inda vê-los,

primeiro, bem definidos,
depois, em sulcos compridos,

porque não podia erguê-los!…

Que quem já é pecador

sofra tormentos, enfim!
Mas as crianças, Senhor,

porque lhes dais tanta dor?!…
Porque padecem assim?!…

E uma infinita tristeza,

uma funda turbação
entra em mim, fiça em mim presa,
Cai neve na natureza,
E cai o meu coraçao.

Augusto Gil.




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