Os bois! Fortes e mansos, os boizinhos!
-Leões com corações de passarinhos!
Os bois! Os grandes bois, esses gigantes,
Tão amigos, tão úteis, tão possantes!
Vede os bois a puxar pelas estradas,
Aquelas pesadíssimas carradas.
O corpo deles com o esforço freme,
E o carro geme, longamente geme...
O carro geme, longamente,
E os bois vão a puxar cansadamente.
E à noite, pela estrada tão sozinha,
O carro geme, geme, e lá caminha...
E parece pele noite envolta em treva,
Que é o carro a chorar por quem o leva.
Vede o boi a puxar à velha nora,
Que parece também que chora, chora.
A nora chora, e o boi cansadamente,
Anda à roda, anda à roda longamente...
E parece, p’la tarde erma que expira,
Que é a agua, a chorar por quem a tira.
Mas vede os bois, também nessa alegria
De trabalhar na terra, à luz do dia!
Vede os bois puxar ao arado, agora,
Que o lavrador conduz p’lo campo fora!
Eis um canto de amor no mar se espalha:
-é a terra a cantar por quem trabalha!
O arado rasga a terra, e os bois, vão puxando,
Com os
seus olhos a vão abençoando.
Sem as suas fadigas e canseiras,
Não teriam florido as sementeiras!
Sem a sua força, sem a sua dor,
Não estava rindo terra toda em flor! ...
E onde os bois lavraram
as fontes frescas brotaram,
as arvores verdejaram,
os passarinhos cantaram,
as flores lindas floriram,
os campos reverdeceram,
os pães cresceram
e os homens sorriram!
Afonso Lopes Vieira.
( Do antigo livro da terceira classe).
,
Aucun commentaire:
Enregistrer un commentaire