Ser poeta, é ter o dom de transformar em paisagem aprazível
qualquer lugarejo que para o comum dos mortais, é inóspito.
O sonhador sobe para cima de um penedo onde
nem os gafanhotos querem viver e pode entender que aquilo é magnifico. Se junto
do penhasco houver um pinheiro mesmo que invadido por lagartas processionarias
, o poeta vai esquecer o efeito
urticante causado pela bicharada e a paisagem torna-se sublime,
estupenda. Talvez o poeta tenha imaginado a flor do pinheiro centenário que
fecundada na Primavera, deu origem a nova pinha que depois de mudar de forma,
cor e tamanho, viu com o Verão, chegada a hora de libertar a sua progenitura.
Quis a Previdência que o vento o ajudasse a
subir nas alturas e rodopiando tentou escolher o lugar ideal para “aterrar”.
Começavam os apaixonados a sonhar com uma
ilha deserta onde pudessem olhar-se no branco dos olhos sem incomodar ninguém, quando foram
surpreendidos por uma tempestade e o barquinho fracassou contra a margem.

Deve isso ter acontecido ao Sul de Coimbra, e
foram talvez os namorados em questão que plantaram o Choupal.
António S. Leitão.
Quando a tristeza
chegar
Faz um barquinho
E põe-te a navegar
E cria a esperança
breve
De que és uma pena
leve
Muito leve a flutuar.
(Poeta desconhecido)
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