Todos os anos eu volto em Agosto ao mesmo
lugar, isto é, vindo pelo Sul entro na rãs, viro à esquerda, passo pela Relva e
desço lentamente aquela estrada
que outrora era caminho que
tantas vezes palmilhei, e que me leva ao Senhor dos Caminhos.
Observo, qual
paisagem imutável, os mesmos pinheiros, os mesmos penedos, desde a idade em que
com a minha bata branca e a minha faixa de cruzado, talvez desse uma nota de
candura à procissão dos Domingos
de Lazaro.


Regresso e sento-me
frente à Igreja; imagino já a agua
visível do adro a partir do qual se poderia abrir uma estrada directa ao rio. Quem
sabe se até o Senhor dos Caminhos apreciaria! Viriam os peregrinos e os
turistas; os peregrinos poderiam tomar banho, e os turistas poderiam rezar e
deste modo o Verão seria uma festa naquele local sagrado!
Um tanto ou quanto
extenuado, retiro-me para a sombra da carvalha. Recordo os duros trabalhos
efectuados durante tantos anos nas imediações da igreja, compensados com as
merendas dos dias de festa: o bom cabrito assado e o bom vinho tinto. Se o
Senhor dos Caminhos o permitir, para o ano cá estaremos de novo.
António S. Leitão.